segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Dia Mundial Sem Carro: 22 de setembro


Dia 22 de setembro é comemorado o Dia Mundial Sem Carro e entidades que promovem o uso da bicicleta realizam ações durante esta semana. A prefeitura do Rio em alguns anos participava ativamente da data, proibindo estacionamento no Centro e aumentando as Zonas 30 (Z30), ruas de menor movimento com limite de velocidade de 30km/h, tornando-as amigáveis às bicicletas e pedestres.

Mas em 2016 uma única atividade foi marcada pela prefeitura na Praça Mauá, muito aquém da importância dos assuntos que são debatidos no dia, que são a humanização do trânsito e a preservação da vida.

Infelizmente o município do Rio não trata a bicicleta como um meio de transporte e a maior prova disso é que as ciclovias são responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente, secretaria essa que não possui verba. As parcas obras cicloviárias que são realizadas são financiadas com verbas oriundas de compensações ambientais, ou seja, empresas poluidoras pagam um valor para o município investir em intervenções que visam minimizar os danos. Mas até isso é controverso, como a construção da ciclovia de Laranjeiras que utilizou recursos da TKCSA, Companhia Siderúrgica do Atlântico, que polui a região de Campo Grande e Paciência emitindo uma fuligem prateada sobre a população. Por que o dinheiro foi investido na Zona Sul se os danos foram causados nos moradores da Zona Oeste? Bem, acho que todos nós sabemos a resposta.

Neste 22 de setembro temos pouco a comemorar. Na última sexta, Maximo Gorosito, ciclista argentino, amigo, que já pedalou de Buenos Aires ao Rio três vezes, foi assassinado por um ônibus na Avenida Suburbana. Em 2012 a prefeitura anunciou a reurbanização da região com a construção de uma ciclovia no canteiro central, como pode ser visto no vídeo abaixo. A obra foi feita, mas a via para bicicletas foi substituída por baias de estacionamento. Talvez se isso não tivesse acontecido nosso querido Max ainda estivesse entre nós.


E assim a prefeitura segue matando e mentindo. Se ela soubesse fazer ciclovias tão bem quanto faz propaganda, certamente não estaríamos passando por essa situação. É mentirosa a afirmação de que temos a maior malha cicloviária da América Latina, com mais de 400 quilômetros. Pintar a calçada de vermelho não é construir ciclovias. As que existem são de péssima qualidade, desabam matando gente, mal sinalizadas, esburacadas, possuem obstáculos no meio e não são conectadas, com muitos trechos ligando o nada a lugar nenhum. Em suma, estão muito longe de atender as necessidades dos seus usuários.

Claro que seria perfeito poder dividir as ruas com os carros num convivência harmoniosa, mas o Rio está tomado por uma intolerância sem tamanho. Manifestações de ódio são cada dia mais comuns, pautas conservadoras ganhando terreno e nós, ciclistas, vemos isso ao pedalar pelas ruas, com motoristas que nos dão finas propositais, gritam e ameaçam nossas vidas.

A única notícia boa é que apesar disso o número de pessoas que utiliza a bicicleta como meio de transporte está aumentando, e esse incremento ajuda a aumentar a segurança de todos.
Não é fácil, tem dia que dá vontade de desistir, mas meu amor e minha crença numa cidade mais humana ainda é maior do que o ódio que me tenta me derrubar.


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