Licor de menta, porta de entrada para o inferno |
Ser adolescente nos anos 90 na Ilha do Governador era frequentar as matinês da Patin House, uma festa para menores de idade regada a bebidas baratas feitas com etanol e água de bateria. Tenho amigos que até hoje não voltaram da viagem que a mistura desses ingredientes causavam.
Está para rolar uma festa para lembrar essa época, com os mesmos DJs, as mesmas músicas e o mesmo licor de menta, que até hoje me dá enjoo e quase me levou ao coma alcoólico algumas vezes. Não, obrigado, tem coisa que é melhor deixar no passado.
Naqueles tempos a azaração consistia num corredor polonês de garotos que ficavam puxando os cabelos das meninas. Nunca consegui ninguém assim e desconfio que aqueles que pegavam num peitinho nos camarotes não utilizavam deste expediente. Mas foi desta forma que comecei a aprender a tratar uma mulher, agindo como um perfeito idiota tentando dar uns beijos numa qualquer ou identificando aquelas que eram para casar, que certamente não frequentavam a Patin House, já que o mundo se dividia em apenas duas categorias de meninas.
A minha mãe casou com o primeiro namorado e até hoje mantem um casamento feliz às beiras das bodas de ouro. Nunca trabalhou fora, a responsabilidade de prover a casa sempre foi do meu pai. Meu irmão seguiu este modelo, mas eu me peguei indo para outro caminho e vislumbrando outras formas igualmente válidas de relacionamentos, heterossexuais, homossexuais, PA, abertos, poliamor etc. Vi que o mundo não se divida entre mulheres para comer e mulheres para casar, ou seja, toda minha formação para uma dança do acasalamento bem sucedida tinha que ser deixada de lado e começar a aprender tudo do zero.
Me cerquei de mulheres decididas a implodir a porra toda. No trabalho, nas amizades, nos relacionamentos. Toda minha formação sobre como tratar uma mulher teve que ser jogada no lixo e até hoje tenho dúvidas sobre como proceder. Mas vou seguindo e aprendendo, às vezes na base do amor, às vezes na base do pescotapa.
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