segunda-feira, 23 de maio de 2022

Revolução Verde

O planeta não conseguir produzir alimentos para todas as pessoas do mundo passou a ser uma preocupação para demógrafos e economistas a partir da Revolução Industrial. Desde então, cientistas e pensadores discutem formas de evitar esse futuro apocalíptico.

Uma das teorias que mais se propagou na época foi a Malthusiana, proposta por Thomas Malthus no final do Século XVIII. Segundo ele, a população cresceria num ritmo geométrico enquanto a produção de alimentos cresceria numa velocidade menor, em ritmo aritmético. Isso tornaria impossível alimentar tantas pessoas, levando o mundo a uma situação de drástica escassez de comida e miséria.

Esse foi o cenário que levou cientistas a intensificarem pesquisas para aumento da produtividade agropecuária. Algumas plantas e animais com maior potencial foram escolhidos e governos e empresas financiaram estudos em diversos lugares do mundo que resultaram na Revolução Verde.

As plantas escolhidas foram algumas variedades de trigo, milho, soja entre outras poucas espécies, que hoje são as commodities negociadas globalmente. A boa notícia é que, graças aos esforços dos cientistas, a produção de alimentos cresceu em uma escala nunca antes vista, provando que Malthus estava errado. Mas esta nova situação trouxe problemas que não estavam no radar.

Agricultores preocupados com produtividade e lucratividade passaram a escolher as plantas mais rentáveis, deixando de lado culturas tradicionais de seus países. Somam-se a isso o comércio global e a padronização da indústria, cujas máquinas exigem conformidade nos insumos, e o resultado foi o fortalecimento das monoculturas.

Outro dia ouvi um episódio do podcast Prato Cheio, do portal de jornalismo investigativo O Joio e o Trigo, sobre a marmelada e seu sumiço das mesas brasileiras, que junto com a goiabada e o marrom glacê eram as sobremesas mais consumidas por aqui. São vários os motivos desse desaparecimento, mas também tem a ver com o que estou contando aqui.


A mola-mestre que nos levou ao atual cenário de extrema concentração de renda do setor agropecuário, excesso de oferta de alimentos ultraprocessados e uso de agrotóxicos, monoculturas e aos organismos geneticamente modificados foi o problema da escassez de alimentos que comprometeria o futuro da humanidade.

Cabe ressaltar que a seleção de plantas e animais e a realização de cruzamentos para potencializar suas capacidades calóricas e resistência são atividades humanas desde sempre. A ciência moderna só aperfeiçoou e acelerou essa seleção artificial.

Hoje produzimos alimentos suficientes para todas as pessoas. Milhões ainda passam fome porque a forma econômica que rege nossas relações de troca, o capitalismo, faz com que apenas aqueles que tenham dinheiro possam se alimentar.

Achei importante trazer à luz esse histórico para não nos deixarmos influenciar por teorias da conspiração

Aproveito para falar da importância da Embrapa, empresa que colocou o Brasil no comércio internacional de commodities agrícolas. Não sei como seríamos enquanto nação sem ela. Para o bem e para o mal.

Mas não se enganem: o agronegócio é um estupro ao país, toda sua riqueza serve para encher os bolsos de pouquíssimas pessoas e esse sistema precisa ser combatido. O agro é pop é meuzôvo.

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