segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Mijar no trem é malandragem

Foi para dar uma dessas explicações que paramos em um grupo de trabalhadores que bebiam cerveja depois de uma semana de trabalho. Ouvimos e demos muitas gargalhadas com as histórias que nos foram contadas. Minha namorada diz que a Central é a maior encruzilhada do Rio, afirmação com a qual concordo.

Começamos a beber com eles, outros foram chegando e descobrimos que alguns são músicos amadores e que toda sexta realizam um pagode no trem. Fomos convidados e obviamente aceitamos. Depois de encher um grande saco com cerveja e gelo, entramos em uma composição que, por causa do evento, me parecia mais cheia que as outras. Uma pequena roda é organizada no meio e a música começa tão logo as portas fecham.

O Antônio (nome fictício), que desde o início nos ciceroneou, vez por outra explicava as regras de funcionamento do evento. Podia fumar, mas maconha e cocaína não. Homens, para urinar, tinham que se arriscar pendurados para fora. Às mulheres era permitido se aliviar dentro do trem, com ajuda de outras como proteção dos olhares curiosos. Apesar do ambiente descontraído, é comum a ação de punguistas que levam carteiras dos desprevenidos. Então, um olho no samba e outro nos seus pertences. Uma senhora que tinha respeito dos demais, cigarro numa mão e cerveja na outra, ficava sentada vigiando as mochilas.

Os bancos serviam como camarote, com as mulheres mais novas sambando em cima deles. Não contei, mas a viagem durou mais de uma hora. O pagode costuma acabar em Nova Iguaçu, mas quando fica muito animado segue até Queimados e parte dos integrantes pega o trem de volta. Foi o que aconteceu naquele dia.

Foram muitos os personagens que conhecemos, muitas as histórias que ouvimos. Material suficiente para muitas postagens ou para uma tese de doutorado. Estaremos de volta na próxima sexta, no legítimo trem do samba.

Vídeo gravado na ocasião

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