segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Jogue o papel no vaso

Os escravos tigres eram aqueles que carregavam os dejetos de seus senhores em baldes e jogavam no mar. Este expediente era necessário numa época em que não existia um sistema de saneamento básico. Eram chamados de tigres porque a ureia presente na urina e nas fezes que derramavam do balde nas costas do escravo, debaixo do sol, deixavam marcas permanentes na pele, como listras do felino.

Parece uma história remota da atualidade, mas ainda hoje uma versão desse tipo de trabalho ainda é realizada no Brasil. Em determinadas partes da Europa os banheiros não possuem lixeira. Os papéis utilizados na higienização são jogados no vaso e descartados com a descarga. É mais higiênico em vários sentidos, além de não deixar cheiro no ambiente, protege a saúde das pessoas que fazem a limpeza e, principalmente, dos trabalhadores que fazem separação de materiais para reciclagem. Mas por aqui não é possível fazer isso porque a largura dos encanamentos não permite, correndo risco de entupirem.
Aqueles que planejaram as especificações dos canos poderiam ter permitido este descarte aumentando a largura, mas decidiram, provavelmente por razões econômicas, não fazê-lo. Não tenho a menor dúvida que se fossem eles que tivessem que recolher os dejetos alheios não fariam esse tipo de coisa.

É só olhar a cor das pessoas que limpam os banheiros para perceber que as marcas das escravidão ainda são visíveis. 

O foda é que esse povo que escolhe as especificações dos produtos que a gente usa, que fazem parte da Associação Brasileira de Normas Técnicas, continua fazendo besteira. A tomada de três pinos tá aí provando isso.

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Quem chamou a atenção para isso foi a engenheira Carla Mariana da Costa, que já trabalhou com saúde pública.

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