Um texto que leio uma vez por ano é 'Da relação entre limpar seu próprio banheiro e abrir sem medo um Mac Book no ônibus'. Nele, o autor fala sobre a relação entre os salários dos holandeses. Se aqui o nosso abismo de desigualdade social faz o presidente de uma empresa ganhar cem vezes mais do que o faxineiro, lá essa diferença é menor, muito menor. As rendas são muito semelhantes, não importa se é gerente ou porteiro.
Por conta disso, o cidadão médio precisa limpar seu próprio banheiro, já que contratar uma diarista ou ter uma empregada é muito caro. Médico, engenheiro, advogado, não importa, vai ter que esfregar privada como todo mundo.
Esse cenário idílico de igualdade social traz várias vantagens, e uma delas é o baixíssimo índice de violência, ao ponto de permitir que qualquer um abra seu Mac Book caro dentro de um ônibus a noite sem medo de ser assaltado.
Essa história de ter alguém para limpar sua sujeira é uma herança colonial e escravocrata que quero longe da minha casa, por isso a faxina é uma atividade que nunca vou abrir mão de realizar. Logo, minha casa precisa ser do tamanho que eu possa limpar.
Hoje, enquanto passava pano no chão, fiquei pensando se essa expressão, 'do tamanho que eu possa limpar', poderia ser usada como metáfora para a vida. Se na nossa vida amorosa, pessoal, profissional e espiritual a gente precisa impor o limite da nossa capacidade de lidar com os resultados.
Ao começar um novo namoro, até que ponto podemos ir para que depois não fique aquela sujeira emocional acumulada sem que consigamos limpar?
Sei lá, acho que as psicólogas funcionam como as diaristas das nossas casas, ajudando a jogar fora o lixo do qual nossas ambições não souberam suportar. Por isso, fique atento à sua cobiça. Faça um prato do tamanho da sua fome.
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