quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Alimentação e justiça social

Ontem saiu a PNAD e o resultado foi um Xibom Bombom: o de cima subiu e o de baixo desceu ainda mais. Por isso trago novamente o tema: como nossa alimentação pode ajudar a gerar justiça social?

Atualmente, nossa produção e distribuição de alimentos tem contribuído com essa imoral concentração de renda e o mesmo pode ser visto em outras cadeias, como na indústria da moda, por exemplo.

Quando a gente escolhe comer um ultraprocessado da Nestlé, a gente escolhe deixar ainda mais rica uma empresa multibilionária e deixar mais pobre o pequeno produtor rural. Para quem não sabe, a Nestlé está promovendo um genocídio em comunidades ribeirinhas da Amazônia com uma cadeia de abastecimento de entrega domiciliar, deixando a população obesa, doente, poluindo a floresta com suas embalagens e destruindo tradições alimentares. Eles também acreditam que a água não deva ser um direito universal gratuito, mas sim um produto como outro qualquer, apesar de estarem acabando com fontes naturais e rios com extração predatória, impactando diretamente as comunidades em todo o mundo.

O tamanho e o uso das propriedades rurais que produzem alimentos, autonomia dos agricultores na escolha das sementes, fertilizantes e controle de pragas, condições de trabalho e geração de renda e partilha do lucro gerado pelo sistema são questões que precisam ser discutidas quando o assunto é distribuição de renda e erradicação da fome e da miséria.

Realmente acredito que a tecnologia um dia vai permitir a criação de ultraprocessados saudáveis. A Coca-Cola terá o mesmo sabor que tem agora e será uma bebida nutritiva. Mas não se trata apenas de nutrição. Não é apenas sobre o que comer ou vestir, é sobre o mundo que queremos construir.

A dica é simples: saiba de onde vem os produtos que você consome e dê preferência para pequenos produtores. Comer e se vestir é um ato político.

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