Assim como existem várias espécies de caninos e bovinos, a espécie humana também já conviveu com dois outros tipos de humanos, o neandertal e o Homo erectus. Durante disputas territoriais e por comida, nós, os sapiens, acabamos exterminando nossos parentes.
Mas o que fez com que a gente ganhasse essa guerra? Quais das nossas características contribuíram para que sobrevivêssemos a essa disputa?
Nossa capacidade de colaboração foi uma dessas características. A gente até poderia perder numa briga individual com um neandertal, porque eles eram mais fortes, mas quando nos uníamos para pensar estratégias de combate a gentes se saía melhor.
Caçar um mamute era uma atividade impossível de ser realizada apenas por um indivíduo, requeria um esforço tático de boa parte da comunidade para no final do dia todo mundo comer aquele churrasquinho na caverna.
E assim fomos evoluindo, colaborando para resolver os problemas coletivos.
O que me preocupa agora é que essa nossa habilidade de cooperação que nos permitiu dominar o planeta está sendo deixada de lado e estamos buscando resolver os problemas comuns de forma individual.
Se a saúde pública está ruim, plano de saúde. Violência nas ruas? Condomínio. Locomoção? Carro. Sem falar nos nossos hábitos cotidianos que não são sustentáveis mas que são fonte de prazer, como comer carne todos os dias e consumismo exagerado.
A nossa principal habilidade, aquela que nos permitiu andar soberanos na Terra, está sendo substituída pelo seu oposto, e este egocentrismo que nos desloca holisticamente do resto do planeta pode nos levar à ruína. Se perdemos essa competência de cooperação não sobreviveremos.
A pandemia é um exemplo, só é possível atravessar esse momento através de uma mobilização planetária e participação de todos. O coronavírus é como um mamute do tamanho do mundo, e precisamos de todos para matá-lo.
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