quarta-feira, 5 de maio de 2021

Nutricionismo

Fico impressionado como a embalagem do biscoito Passatempo tenta nos convencer de que é saudável: tem cálcio, zinco e vitaminas diversas. A gente sabe que é uma porcaria, mas para muitas famílias pobres a Nestlé é sinônimo de qualidade, o que tem levado a constantes aumentos no número de crianças obesas, não apenas no Brasil, mas no mundo.

A faculdade de nutrição tem reduzido os alimentos aos seus nutrientes e isso faz com que a adição de vitaminas em compostos ultraprocessados seja percebida pelos consumidores como uma prática saudável, o que incentiva seu consumo.

Mas, mesmo que um dia a Coca-Cola consiga desenvolver uma fórmula que não cause diabetes, que seja comprovadamente benéfica para a saúde, assim como sucos e chás são, seu consumo deve ser incentivado? Não podemos levar em consideração apenas a composição química dos alimentos quando falamos em alimentação. Desconsiderar aspectos ambientais, econômicos e sociais é prejudicial.

A compra de Coca-Cola, mesmo com uma fórmula que não cause danos à saúde, deve ser desestimulada porque suas garrafas plásticas são um dos principais poluidores do planeta, é uma concentradora de riquezas que tira renda de pequenos produtores, a extração de água de fontes públicas está destruindo pequenas comunidades, além de outros problemas.

Comida não é apenas nutrição, é política, e esse é o tema do livro Nutricionismo, palavra que junta ‘nutrição’ com ‘reducionismo’. Já comprei o meu.


Para saber mais: documentário Muito Além do Peso.

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