Fahrenheit 451 é um romance que mostra um futuro distópico no qual não existem mais incêndios, por isso os bombeiros assumiram um novo papel: queimar livros.
Uma leitura mais clássica da obra, abordada no filme da HBO, mostra o perigo da literatura, apresentada como uma ferramenta que desperta um pensamento crítico e autônomo da população que ameaça o sistema, mas existem outras interpretações.
Uma delas é como a televisão substituiu a leitura dentro das casas, imbecilizando as pessoas. Hoje em dia esse papel pode ser substituído pelo celular e pelas redes sociais.
Mas o que quero destacar aqui é como a queima de livros virou política de estado no romance. Tudo começou com minorias (homossexuais, feministas, batistas, adventistas, sionistas, irlandeses etc) se achando no direito e no dever de rasgar páginas e colocar fogo em publicações com as quais não concordam. Alguma semelhança com a política do cancelamento atual?
Vez por outra vejo o compartilhamento de um diagrama que nos coloca na interseção entre 1984, O Conto da Aia e Fahrenheit 451. Nós, do campo progressista, costumamos ver os sinais desses futuros distópicos surgindo entre grupos conservadores, tirando nossa responsabilidade no processo, mas esquecemos que nossas ações podem, sim, ser o estopim desse horizonte que tanto nos aterroriza.
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