Outro domingo, pedalando pelo Aterro, vi uma criança de que ainda não tinha começado a andar obesa. Seus pais tentavam estimular que ela se exercitasse e fiquei pensando na cena: provavelmente, aquela criança deveria receber refrigerante na mamadeira, além de outros alimentos industrializados, e, diante do ganho de peso, um médico recomendou atividade física.
Talvez não seja essa a realidade, mas uma coisa é certa: hábitos alimentares construídos na infância são extremamente difíceis de serem mudados. Aquele menino será um adulto que passará o resto da vida lutando contra a obesidade ou que será consumido pelas doenças oriundas do sobrepeso.
Já tentei mudar meus hábitos alimentares algumas vezes. Consegui muita coisa, mas tem uma delas que me parece impossível alterar: a carne.
Minha intenção em reduzir ou parar o consumo de animais é o impacto ambiental. O planeta simplesmente não sustenta a quantidade de carne que estamos comendo. É matemático.
Não existe salvação possível do mundo sem discutir nosso prato, mas nosso prato é sagrado e ninguém quer tocar nele. Fazemos churrasco para discutir a revolução, mas não há revolução sem futuro.
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A Revista Piauí deste mês traz uma reportagem investigativa sobre como gado criado em áreas protegidas da Amazônia são distribuídas para todo o Brasil, inclusive por grandes frigoríficos como a JBS (da Friboi). Não ache que por morar na capital do Rio ou São Paulo que seu almoço não tem gosto de desmatamento, porque tem.
A gente, que adora colocar a culpa de todos os problemas do mundo no capitalismo, resolveu fechar os olhos para a carne. Como mencionei acima, mudar hábitos alimentares é extremamente difícil, por isso ignoramos o fundamental, e ignorar o fundamental faz com que todos nossos esforços sejam em vão.
A mesa do churrasco é onde fascistas e progressistas confraternizam a passada da boiada.
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