Eram 20.000 pessoas confinadas em um terreno cercado com arame farpado. Crianças, idosos, homens e mulheres que, fugindo da fome e da seca, foram enviadas de trem para o campo de concentração com a falsa promessa de trabalho.
Foram sete campos criados em 1932 no estado do Ceará. Eles ficavam perto das linhas ferroviárias usadas como rotas de migração do interior para a capital. Milhares de flagelados iam para Fortaleza nos anos de seca, causando problemas sanitários e de segurança pública em uma cidade que passava por um processo de afrancesamento. Para evitar este cenário, a partir de 1915 os campos, também conhecidos como currais do governo, foram criados como política pública higienista.
Retirantes mortos na beira da linha do trem |
Obrigados a realizar trabalhos forçados em obras de infraestrutura estatais, recebiam comida estragada e não possuíam nenhum tipo de assistência. As mortes eram diárias e os corpos enterrados em covas coletivas. Muitas vezes, pessoas ainda vivas eram jogadas nas valas.
O único espaço deste tipo que restou foi o de Senador Pompeu, que utilizou prédios de alvenaria abandonados por uma empresa inglesa que construiria a Barragem do Patu. Os demais utilizam barracas provisórias.
Estive lá em setembro de 2023. Tombado em nível estadual em 2022, a única obra que o conjunto arquitetônico formado por alguns casarões, duas estações ferroviárias e três casas de pólvora recebeu foi a troca do telhado de uma dessas construções. De resto, nada ainda foi feito.
A cidade não dispõe de uma placa que conte essa história. Só é possível chegar até os prédios com ajuda de algum morador, já que não existe nenhuma sinalização ou indicação em ferramentas de GPS como o Google Maps ou Waze. Também não existe um guia de turismo local. Dei sorte de conseguir ajuda de um morador que cresceu na região e me levou lá. Se você quiser o contato, pode me escrever que faço a ponte.
Tem bastante conteúdo sobre essa história, é só jogar no Google e Youtube Campo de Concentração Senador Pompeu. Fiz um vídeo da minha visita, que pode ser visto abaixo.
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