segunda-feira, 18 de abril de 2022

A barrificação (ou copacabanização) da Zona Portuária

A depender do ângulo de vista, a Zona Portuária tem se mostrado um sucesso. Só a construtora Cury lançou três condomínios que estão vendendo muito bem, além de um quarto na Presidente Vargas. Voltados para classe média, possuem, em torres de 20 andares, desde estúdios com trinta metros quadrados até dois quartos com 50 metros e valores iniciais em duzentos e poucos mil reais.

São muito pequenos, mas possuem toda sorte de lazer e serviços, como piscina, academia, lavanderia, cinema, bares e rooftop.

Tudo isso incentivado pelo Reviver Centro, programa da prefeitura para estimular a vinda de moradores para o centro.

O potencial realmente é gigante, perfeito para construção de condomínios, visto a quantidade de terrenos vazios e abandonados e próximos a vários modais de transporte (VLT, rodoviária, metrô, barcas, aeroporto).

O grande problema disso é que se trata da reprodução de um modelo de cidade TOTALMENTE EQUIVOCADO. Esses condomínios tinham que ser desestimulados, já que seus prédios longes das ruas, de uso unicamente residencial e ocupados por famílias de um mesmo perfil socioeconômico são a cópia da Barra da Tijuca, um não lugar, frio, apático, distante.

O problema não é só estético, já que os muros dos condomínios separam não apenas os corpos, mas também as mentes de seus moradores, o que resulta em violências físicas e simbólicas. Já escrevi sobre isso aqui e aqui.


O que eu proponho é a copacabanização da Região Portuária: prédios com a fachadas para rua e andares térreos comerciais, com bares, farmácias, minimercados, incentivando fluxos de pessoas durante todo o dia nas calçadas.

Outra medida urgente é fortalecer, através do poder público, construção de moradias sociais, utilizando, inicialmente, prédios abandonados ou ocupados de forma irregular.

Como morador da região, me preocupa os rumos que estamos escolhendo o Porto. O Rio precisa de mais Copacabanas e menos Barras da Tijuca.

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