Estava tentando lembrar o nome do dono da Bombonière que ficava ao lado do Lemos Cunha. Não consegui, só sei que o chamávamos de Moe, personagem dos Simpsons, tanto pela aparência física quanto pelo mau humor.
Naquela época de estudante secundarista, ainda era permitido fumar em lugares fechados e ficávamos no fundo escuro e esfumaçado do bar. Como a grana era curta, raramente rolava uma cerveja, preferíamos bebidas mais fortes e mais baratas compradas no supermercado. Baratinhas andavam na estufa dos salgados, mas isso não nos impedia de continuar comendo as coxinhas depois da aula.
Nos largávamos no chão da varanda da Mobílha conversando e tocando violão. Assistíamos as brigas das normalistas torcendo para que roupas fossem rasgadas. Líamos Nietzsche e não entendíamos porra nenhuma.
A pracinha do Quebra Coco também era um ponto de encontro recorrente. Incensos, violão, filosofia.
Acho que de todos os meus amigos da época eu fui o único que não cresceu. Continuo largado pelos bares da cidade sem uma esposa, sem carro, sem casa própria e um herdeiro, pedalando uma bicicleta pelo Rio.
Carlos é um puta fotógrafo e casou com a Ana, que trabalha na Globo e se formou em história. Os dois tiveram uma filha. Vinícius, irmão do Carlos, fez doutorado em ciências da computação e teve uma filha com a Keyla.
O outro Vinícius, se não me engano foi o primeiro a ser pai entre a gente, trabalha com o Carlos. Thiago, também genitor e casado, cursou Ciência Sociais no IFCS e agora é tenente temporário e dá aulas no Newton Braga. O Allan teve uma penca de rebentos e administra com a esposa uma hotel em Casimiro de Abreu. O Wagner virou Testemunha de Jeová ferrenho.
Estas foram as últimas notícias que tive dessas pessoas, com as quais compartilhei grandes momentos da minha vida.
Nosso acampamento socialista em Ilha Grande |
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