segunda-feira, 6 de junho de 2022

Você sabe o que é carne mecanicamente separada, utilizada para fazer hambúrguer, salsicha e nugget?

Quando o boi atinge o peso do abate, ele é transportado do pasto para o abatedouro. Lá, o animal entra no corredor da morte, que o leva até uma câmara na qual sua cabeça fica presa entre duas portas. Então um funcionário dá um "tiro" na cabeça do boi, com um pistão pneumático que crava uma estaca no meio da testa, furando o cérebro. A maioria morre na hora, mas alguns são pendurados ainda vivos pela pata traseira.

Depois de pendurado, outro funcionário faz a sangria, enviando uma faca no pescoço do bicho para que todo o sangue saia. Então o corpo segue por uma linha de produção, com outros trabalhadores encarregados de abrir a barriga para tirar as entranhas, cortar os chifres, rabo, couro e a carne. No final dessa linha só sobra a carcaça.

Mas ainda tem carne nessa carcaça, carne que não foi separada manualmente no processo descrito acima. É aí que entra a separação mecânica, uma centrífuga que gira em alta velocidade e arranca os minúsculos pedaços de carne e gordura dos ossos. Nessa etapa pode ser utilizada amônia, um desengordurante, mas como não é um ingrediente adicionado diretamente aos hambúrgueres, a indústria não é obrigada a colocar essa informação no rótulo.

Depois, todos esses pedacinhos de carne são moídos, juntam-se outros aditivos com objetivo de tirar o gosto ruim da amônia, dar cor, textura e ajudar na conservação, e temos deliciosos nuggets e salsichas.


Saber como são feitos os ultraprocessados têm sido um dos meus interesses e tenho lido muito sobre o assunto. Se eu ganhasse uma bolsa de pesquisa, escreveria o livro que gostaria de ler, que ainda não foi escrito.

Mas a publicação Prato Sujo: Como a Indústria Manipula os Alimentos Para Viciar Você, escrito pela jornalista Márcia Kedouk, segue um caminho bem interessante. Fala com uma linguagem de fácil entendimento de coisas como transgênicos, a revolução verde e os agrotóxicos, as armadilhas dos ultraprocessados vendidos nos mercados como supostamente saudáveis, as estratégias da indústria para vender mais entre outros assuntos.

Fala também o que é a carne mecanicamente separada, mas não com os detalhes que fiz acima, colhidos em outras fontes.

A parte dois fala sobre alimentação saudável, que basicamente são as mesmas recomendações de sempre: comer comida de verdade, aquela que nossos avós identificavam como comida, mas essa dica não vai servir para as gerações mais novas, cujos avós já cresceram sendo envenenados com ultraprocessados.

O livro não tem um tom de ativismo, comum em publicações deste tema, e o motivo é por ser da coleção da Superinteressante, respeitada revista de divulgação científica. Só precisa de uma atualização, pois é de 2013 e novas descobertas já foram feitas nesse período.

Nenhum comentário:

Postar um comentário