Eu realmente acho que um dia teremos uma fórmula saudável de refrigerante e outros ultraprocessados, como biscoitos, lasanhas congeladas e macarrões instantâneos, mas neste vídeo eu vou te contar porque mesmo quando este dia chegar devemos continuar evitando esses compostos alimentícios.
O Guia Alimentar para a População Brasileira, publicação que serve como orientação para todas as políticas públicas nutricionais do país, elogiada por diversas entidades ao redor do mundo, está sendo atacada pelo governo Bolsonaro, o que representa um retrocesso na proteção da saúde do brasileiro.
As principais doenças crônicas que mais matam são oriundas da má alimentação, causadas principalmente pelo alto consumo de compostos alimentícios ultraprocessados, as chamadas comidas porcaria, e afrouxar esse entendimento junto à população é um ato que compromete ainda mais a escolhas de alimentos saudáveis.
Diabetes, câncer, hipertensão, osteoporose, doenças cardíacas são apenas algumas que estão diretamente relacionadas a uma dieta inadequada e são essas as principais causas de mortes no brasil e no mundo.
Mas eu acredito na tecnologia de engenharia alimentar e realmente acho que um dia essa comida porcaria vai ser saudável. Imaginem só, que maravilha, beber uma coca cola sem medo de desenvolver diabetes, ou comer um Big Mac sem risco de entupir as artérias de gordura e ainda nutrir seu corpo com nutrientes que vão te fortalecer.
Mas mesmo quando esse dia chegar, a gente precisa fazer consumo eventuais desses alimentos por um único motivo: soberania alimentar.
Soberania alimentar é o direito dos povos de decidir sobre suas políticas agrícolas e alimentares, decidir o que e como cultivar, o que destinar ao mercado interno e externo e a gestão dos recursos naturais.
Comer é mais que o simples ato de nutrir o corpo, nossas escolhas têm implicações sociais, econômicas e ambientais, e quando alguém resolver comprar de uma multinacional alimentícia, está transferindo para essa multinacional todas as decisões relacionadas a cadeia produtiva e enfraquecendo outros setores, como a agricultura familiar.
A gente sabe que o objetivo das empresas sempre vai ser o lucro e o respeito aos trabalhadores, ao meio ambiente e clientes só acontece quando esses grupos possuem poder de pressão, caso contrário essas corporações vão fazer o que for possível para maximizar seu faturamento, como apertar salários e direitos trabalhistas e utilizar processos produtivos altamente poluentes, por exemplo.
Quando a gente tira o poder da população em produzir seus alimentos e transfere essa responsabilidade para apenas algumas corporações, a gente enfraquece a capacidade de pressão da população, colocando todos numa situação de vulnerabilidade e sujeita às ambições dessas empresas.
Soberania é uma palavra derivada do latim e significa poder supremo, ou seja, dar soberania aos cidadãos é dizer que não existe nada acima deles, nem o interesse predador de empresas multinacionais.
Em um estado onde impera a soberania popular é aquele no qual o povo é a fonte de todo o poder e está lá, na nossa Constituição, artigo primeiro, e para ser soberano o povo precisa ser livre para decidir suas estratégias alimentares e possuir os meios de produção, de forma a preservar culturas locais e a sustentabilidade das futuras gerações.
Precisamos ter o controle sobre nossos hábitos alimentares e não delegar essa responsabilidade para apenas algumas instituições financeiras e transnacionais alimentícias que vão colocar seus interesses à frente aos da população, como o agronegócio de monoculturas para exportação, enfraquecendo culturas tradicionais e aumentando o preço interno da comida, como estamos vendo agora, uso abusivo de agrotóxicos, produção de ultraprocessados prejudiciais à saúde, ocultação da informações como se os alimentos são ou não transgênicos, privatização da água, patenteamento de sementes e incêndios dos nossos biomas para aumento de áreas cultiváveis e pastos.
Falar sobre soberania alimentar é falar sobre reforma agrária, garantindo acesso de milhares de famílias ao trabalho e à produção de alimentos diversificados, trabalho de cooperativas, agroecologia, hortas urbanas, uso de energias renováveis, criando uma alternativa solidária ao atual sistema de produção que deixa milhões de pessoas passando fome no Brasil.
Atualmente apenas 10 empresas controlam o mercado de produção de alimentos no mundo, e aumentar ainda mais o poder destas empresas é muito preocupante e não é exagero imaginar um futuro distópico.
Apenas 10 empresas controlam o mercado mundial de alimentos |
O poder não pode estar concentrado em poucos, é preciso pulverizar todas as responsabilidades sobre o que e como produzir, preços a serem cobrados, cadeia de distribuição e, principalmente, os lucros da comercialização, e isso não se aplica apenas aos alimentos, mas a toda manufatura humana.
Para fortalecer a soberania alimentar do Brasil, dê preferência para comida de verdade da agricultura familiar.
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